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Psicologia

CURSO

Silvana Elisa Kloeckner Guimarães (Cofundadora da Comunidade Paz e Mel)

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INTRODUÇÃO

A NECESSIDADE DE UMA SÓLIDA VISÃO DO SER HUMANO

 

Ao pensar sobre a pessoa, comportamentos, afetividade, funcionamento, é fundamental ter uma visão clara do que é pessoa, de quem é o ser humano. Vamos tratar de alguns pontos para atender a esta questão, de uma forma direta e sucinta. As dimensões que trabalharemos são as seguintes:

Integralidade/todo; Mistério; Dignidade ontológica; Liberdade; O homem é fraco, limitado vulnerável; Pessoa única e irrepetível; Ser humano como social, relacional; Espiritual; Racional; Corporal; A dimensão afetiva.

Curso: Psicologia

A clareza da visão de ser humano é fundamental. Concordo com Laura Perls (1), quando afirma que “não só toda e qualquer medida terapêutica mas todo o pensamento e todo o ato é informado pela nossa convicção básica do que faz o homem ‘humano’, mesmo que nunca expressemos manifestamente essa convicção e a consideremos tão axiomática que dificilmente nos apercebemos dela” (p. 179). Necessariamente, temos em nós uma visão do humano. Só que nem sempre estamos conscientes dela. Assim, é importante nos determos neste ponto, como base para uma formação humana consistente. É importante indicar que não há unanimidade na Psicologia no modo como o ser humano é visto (PINTO, 2012). As visões têm diferenças significativas nas diferentes teorias psicológicas.

(1) Laura Perls é uma das fundadoras da Gestalt-terapia, esposa de Frederick Perls. Tem artigos escritos e os profissionais que acompanharam mais de perto o início dessa abordagem psicológica colocam que Laura teve papel muito importante nos livros do marido, ainda que Perls não a tenha dado devido crédito.

 Do ponto de vista da Psicologia, minha base aqui é a corrente humanista. Esta, por sua vez, se apóia na Filosofia, especificamente na fenomenologia de Husserl e no existencialismo, com destaque para Heidegger e Buber. O movimento humanista na Psicologia veio de encontro ao modo mecanicista e materialista que marcava a ciência psicológica. Nasceu em torno de 1960, e passou a ser considerado a “terceira força” da Psicologia, sendo a primeira a Psicanálise, e a segunda o behaviorismo. Os psicólogos humanistas pretendiam destacar o humano e valorizá-lo como um todo, e não somente voltar-se para algumas partes (como considerava que acontecia com as outras correntes – na Psicanálise, foco no inconsciente; no Behaviorismo, foco no comportamento). A corrente humanista também pretendeu ampliar o olhar do ser humano para além da doença – Freud estudava neuróticos e psicóticos, e tecia suas conclusões a partir deles. Segundo os humanistas, “quando se abria mão dos aspectos positivos do ser humano, focando apenas o lado obscuro da personalidade, a psicologia ignorava forças e potencialidades da pessoa que os humanistas se empenharam em recuperar em conceitos como tendência à autorrealização, status de homem consciente e – ao retomar a questão da liberdade como extensão conceitual – importância do momento presente. Seus maiores representantes foram Abraham Maslow, Clark Moustakas e Carl Rogers, entre outros”. (MENDONÇA, 2012, p.78). Cabe apontar que há diferença na Psicologia humanista e no humanismo, movimento iniciado no século 15 (MENDONÇA, 2013), no Renascimento, sendo mais amplo e para além da teoria e técnica psicológica. De acordo com esta autora, o movimento humanista teve várias expressões ao longo da história. Mesmo com a diversidade, genericamente, “a expressão ‘humanismo’ pode ser definida como um conjunto de princípios que estabelecem a valorização e a dignidade inerentes à pessoa, independentemente de qual seja sua condição atual no mundo, prescrevendo que cada homem deve ser tratado por qualquer outro homem e por todas as instituições com sob a regência de valores morais como respeito, justiça, honra, amor, liberdade, solidariedade etc.” (Idem, p. 89). É ainda importante indicar que a referência principal para traçar a visão do ser humano é a fé católica, a verdade revelada, transmitida no Magistério da Igreja. Para tanto, tem-se em base especialmente os seguintes documentos: Catecismo da Igreja Católica, Doutrina Social da Igreja, Gaudium Et Spes, Lúmen Gentiun, Veritatis Splendor. Dessa forma, as dimensões que serão trabalhadas do ser humano têm seu fundamento último na fé católica, na criação divina do homem.

PARTE I

INTEGRIDADE E TOTALIDADE

 

A visão integral da pessoa concebe o ser humano como um todo, formado pelas dimensões emocional, cognitiva, espiritual, física/ corpórea e relacional; ou seja, não somente o corpo é importante, mas as emoções também. Assim como não é só importante olharmos para a alma, o lado espiritual, mas também para o corpo, as emoções e os pensamentos. 

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Desta forma, o ser humano é uma totalidade, cujo o todo é igual a soma das partes. Uma parte que se altera, altera o conjunto todo. Não temos dentro de nós partes separadas, segmentadas, sem relação entre si. O que, por exemplo, acontece no meu corpo, afeta e influencia a minha mente e também minha alma. 

Assim, se eu estou muito preocupada com uma palestra para dar, achando que não vou conseguir fazer isso com sucesso, posso sentir dor de barriga, tremor, e posso ainda prejudicar a paz de minha alma e afastar-me de Deus. Neste caso, a minha dimensão psíquica provocou reações no meu corpo e também na minha alma. E, mesmo assim, eu nem tenho como estabelecer uma relação de causa-efeito sobre mim, pois minhas dimensões estão tão interligadas que, muitas vezes, é complicado acertar na percepção do que levou a que. O que se consegue, sim, é uma noção da relação: o que está relacionado a que. 

Também podemos pensar como necessidades físicas interferem na experiência total. Se estou com muito sono, minha atenção fica prejudicada, o humor pode se alterar, a capacidade de entrega na meditação e oração também são afetadas. 

No âmbito da Psicologia, quem trouxe essa visão foi a corrente humanista. Na Gestalt-terapia, a visão de todo recebe influência da Psicologia da Gestalt, que realizou estudos que apontavam para, entre outros aspectos, a tendência das pessoas para o fechamento e para enxergar o todo. Também as partes são partes em relação a um todo, e somente a partir dele se destaca, formando a ideia de figura e fundo. Seus principais autores foram Wertheimer, Köhler e Koffka (FRAZÃO, 2013a). O pensamento holístico na Psicologia sofreu também influência de Jan C. Smuts, com sua obra Holism and evolution, de 1926 (MENDONÇA, 2013). 

Na Gestalt-terapia, conforme Pinto (2012, p.16), o ser humano é considerado como “uma totalidade integrada (...), um todo animobiopsicocultural em relação com o mundo”. Ainda para este autor, “numa visão gestáltica, o ser humano é um todo indissociável, no qual a religiosidade não é falta de amadurecimento, mas uma das possíveis manifestações da espiritualidade” (Idem, p. 31). Sendo um todo, cabe o cuidado de, no olhar para a pessoa, e no cuidado consigo, não menosprezar alguma dimensão, caindo nos “ismos”, como psicologismo, racionalismo, sentimentalismo etc. 

Pinto (2012, p. 32) coloca que “também a religião não pode ser reduzida a outras áreas numa espécie de psicologismo, como se a ciência pudesse um dia substituir a religião. Não cabe pensarmos que nosso mundo é (ou mesmo que possa ser um dia) totalmente secularizado. Se a secularização se ampliou e se amplia na sociedade ocidental, isso não significa o fim do campo religioso, mas a necessidade de um diálogo cada dia mais acurado e sensível entre a religião e a ciência”. 

Por outro lado, é bom apontar para um cuidado de não menosprezar o pessoal, tentando viver o transpessoal, ficando como sem chão. Hycner (1995, p.82) afirma que “o termo ‘transpessoal’ quer dizer além dos limites do individual. Acho importante notar que ao falar do transpessoal não pretendo suprimir o pessoal. Não há experiência transpessoal genuína sem o pessoal. Aquilo que está ‘além’ do pessoal só pode ser conhecido através do pessoal. É uma observação relevante, já que alguns indivíduos tentam ‘transcender’ o pessoal sem se desenvolverem com pessoas! Eles tentam ultrapassar seus problemas pessoais ‘escapulindo’ para outro nível de existência. Isso é o que Welwood (1984, p.64) chama de ‘atalho espiritual’”. 

Trazendo agora um pouco a visão da Igreja, a Gadium et Spes (GS), no n. 14, nos traz o homem sendo um ser uno, corpo, alma e mente. Amedeo Cencini ressalta que o “eu é holístico”, o que é uma característica peculiar sua. É a ideia de totalidade, em que o eu funciona sempre como conjunto, sendo difícil “separar as contribuições de cada parte”. Ele afirma ainda que: “Não é possível, por causa dessa propriedade, dividir o ser humano em compartimentos estanques, como se alguns acontecimentos pertencessem, exclusivamente, ao corpo e outros à mente; alguns fossem somente instintivos, outro somente espirituais. Toda atividade, queiramos ou não, expressa o eu, mesmo que nem sempre em todas as suas partes e com a mesma contribuição de cada parte” (CENCINI, 2007, p. 116). 

A visão integral de ser humano nos remete a uma formação integralizada e também nos leva a uma evangelização da pessoa como um todo, e não somente com atenção, por exemplo, aos aspectos espirituais. 

Maria Emmir Nogueira trabalha numa formação sobre o auto-conhecimento que “uma formação espiritual que não leva em conta a humanidade, não é uma formação espiritual, é uma fantasia espiritual! A formação espiritual abrange o homem inteiro, o homem como um todo. Não podemos formar somente uma área da pessoa, pois o homem é uma unidade” (Formação sobre autoconhecimento ministrada no Congresso Nacional de Comunidades Novas, em Anápolis, em 2004). 

No documento Pastores Dabo Vobis, João Paulo II afirma que é a pessoa toda que ama. Todos precisamos ser amados, e amar, mas de “um amor que compromete a pessoa inteira, em suas dimensões e componentes físicas, psíquicas e espirituais” (n. 44). Assim, ele coloca que o trabalho de formação, para ser eficaz, necessita abarcar todas as dimensões da pessoa.

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