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Liturgia

CURSO

Irmão Aureliano José da Costa Júnior

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Curso: Liturgia

Parte I - As vestes Litúrgicas

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AO ALTAR DE DEUS

Algo que sempre chama a atenção e que raramente sabemos explicar é a razão do padre usar vestes “diferentes” para celebrar a missa. Essas vestes diferentes que o sacerdote, diáconos e ministros colocam tem um significado profundo e por si só nos leva a rezar.

A sensibilidade natural sempre levou os fiéis a participar da celebração litúrgica usando roupas melhores, a famosa roupa de “ver Deus”. Esse costume já foi registrado por Clemente de Alexandria por volta do ano 200. Nesse período os sacerdotes usavam vestes que em nada diferiam dos trajes de festa do Império Romano. Com a invasão dos bárbaros a Igreja insistiu que os clérigos continuassem usando as vestes romanas para se diferenciar, e por considerar as vestes bárbaras inapropriadas. Enquanto os sacerdotes conservaram as vestes romanas, o povo com o tempo adotou a moda bárbara e por isso ficou uma diferença tão grande entre as formas de vestir na celebração.

Com os anos o ato de vestir as vestes litúrgicas começou a ser acompanhado por orações, que espiritualizaram cada paramento (veste sagrada). Mas qual o sentido espiritual do sacerdote estar revestido para a missa? Um episódio das Escrituras que pode nos ajudar a compreender isso é Gênesis 27. Isaac e Rebeca tiveram dois filhos, Esaú e Jacó. Enquanto Esaú era peludo, dedicado ao trabalho do campo e à caça, Jacó tinha a pele lisa, ficava mais em casa com a mãe. Quando Isaac ficou velho perdeu a visão. Certo dia, pressentindo a morte chamou Esaú para lhe dar a tradicional benção a que o primogênito tinha direito. Pediu que Esaú caçasse e lhe trouxesse a carne cozida para abençoá-lo. Rebeca ouviu tudo. Assim que Esaú saiu, ela chamou seu filho Jacó, revestiu-o com as roupas de festa de Esaú, colocou sobre o pescoço dele pele de cabrito, para esconder a pele lisa, preparou uma carne e enviou Jacó como se esse fosse Esaú a Isaac. Isaac não reconheceu que era Jacó e abençoou-o como se fosse Esaú. A tradição da Igreja leu este texto como uma imagem do que acontece na Liturgia.

Rebeca simboliza a Igreja, Isaac Deus Pai, Esaú Cristo e Jacó o sacerdote. Na Liturgia a Mãe Igreja reveste um de seus filhos com as vestes de Cristo e o apresenta ao Pai. O Pai do Céu quando olha para aquele que profere as orações não enxerga o padre ‘Fulano’ ou ‘Sicrano’, enxerga Seu Filho Amado Jesus Cristo e abre os céus conferindo toda sorte de bênçãos ao povo reunido. Revestido dos paramentos o Padre não age, mas em seu próprio nome, mas na pessoa de Cristo, não é padre x ou y que celebra a Eucaristia, mas o próprio Jesus Cristo. Pelo sinal sensível, externo das vestes sagradas experimentamos uma realidade invisível e espiritual. Quem preside a Eucaristia é o próprio Cristo em cuja pessoa o sacerdote atua. 

Quando vermos o padre paramentado, pronto para iniciar a celebração nos recordemos disso. Façamos o esforço de vermos como Deus Pai vê. Não é aquele homem individual que preside a Eucaristia. Na ação sagrada ele age na pessoa de Cristo. Façamos como o Pai: olhando um homem, vejamos nele o Filho de Deus.

Curso de Liturgia

Curso: Liturgia

Irmão Aureliano José da Costa Júnior, mps

Curso: Liturgia

Parte II - Amito e alva

A primeira veste litúrgica com a qual o sacerdote se prepara para a santa missa é chamada amito, ele é como um grande lenço branco com o qual o sacerdote envolve o pescoço a fim de que nada apareça das vestes seculares, ordinárias, desaparecendo o que é do homem e aparecendo somente Cristo. O sentido do amito é o do sacerdote colocar-se debaixo da proteção de Deus, a fim de que Satanás não o golpeie com imagens, sensações ou preocupações que possam impedi-lo de celebrar com atenção e devoção o santo sacrifício.

Antes de pôr o amito o padre pode rezar: “Colocai sobre mim, Senhor, o elmo de vossa proteção para que eu possa resistir aos golpes do Diabo”.

A próxima veste que o padre coloca é a alva, comumente chamada de túnica. É uma veste branca que vai do pescoço aos pés e relembra a veste batismal. É o traje daqueles que alvejaram-se no sangue do Cordeiro e podem apresentar-se sem mancha diante d trono da divina majestade. Ao vermos o sacerdote revestida com a alva devemos recordar que também nós recebemos no batismo uma veste branca e nos comprometemos na crisma a conservá-la sem mancha até a vida eterna. Para revestir-se da alva o padre pode rezar: “Lavai-me, Senhor, e purificai-me no sangue do Cordeiro divino a fim de que seja digno de participar das bodas eternas”. Quando vamos para a missa estamos debaixo da proteção de Deus ou nos expomos aos golpes de Satanás, deixando que a imaginação, a memória e as preocupações impeçam que bem participemos do Sagrado Banquete? Nos aproximamos do altar com a veste de nossas almas branca, lavada no sangue redentor de Jesus derramado sobre nós no sacramento da Confissão ou somos como o homem da parábola do Evangelho, que ousou ir para o banquete do Grande Rei com vestes indignas? Que os sinais exteriores nos auxiliem a bem prepararmos nosso interior a fim de melhor usufruirmos as graças que Deus deseja ardentemente derramar sobre nós na celebração eucarística.

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Irmão Aureliano José da Costa Júnior, mps

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Parte III - O cíngulo

Uma das vestes litúrgicas que passa despercebida ou com estranheza pela maioria dos fiéis é o cíngulo, uma espécie de corda que o sacerdote amarra sobre a alva ao redor da região dos rins.

O povo de Israel é inicialmente um povo de nômades. O evento que os fundou enquanto nação foi seu êxodo, sua saída do Egito e sua peregrinação pela deserto até à prometida terra de Canaã. Para este povo peregrino o cíngulo é algo essencial. Amarrar um cordão na túnica levanta-a um pouco e facilita a caminhada. Eis o primeiro ensinamento: somos um povo peregrino, não temos aqui morada permanete, estamos caminhando para nossa Pátria definitiva, que é o céu.

Entretanto, o sentido mais tradicional do cíngulo na espiritualidade tem haver com a tripartição que os gregos, desde Platão, fizeram com o corpo humano. Para eles a cabeça é a sede da razão, da inteligência, e é ela que deve governar todo o corpo. Já o coração é a sede da força irascível, da ira, é de onde tiramos energia para enfrentarmos as dificuldades, de onde brota o folego do atleta para correr a última volta e vencer a competição. Já os rins são a sede do desejo, da concupiscência, da vontade de prazer, seja no alimento e na bebida, seja de prazeres sexuais. Ter os rins cingidos, portanto, é sinal do controle que o sacerdote deve ter sobre suas paixões, não só o sacerdote, mas todos os cristãos, controle esse que só é possível mediante a graça de Deus.

Ao colocar o cíngulo o sacerdote pode rezar: “Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza, e extingui de meus rins os fogos das paixões, para que floresçam em mim as virtudes da continência e da castidade”.

Peçamos ao Senhor a graça de rins cingidos. O servo é descrito no Evangelho como aquele que tem os rins cingidos, pois submete suas paixões ao Senhor e não busca agradar-se a si mesmo, mas coloca-se com generosidade e disponibilidade diante da vontade do Senhor. Vamos para a missa com essa abertura de coração? Dominados pela graça de Deus e abertos a ela? Disponíveis ao querer de Deus? Se não, é hora de cingirmos nossos rins.

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Irmão Aureliano José da Costa Júnior, mps

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Parte IV - O beijo no altar

O primeiro gesto que o padre executa ao chagar no altar é beijá-lo. A liturgia solene do séc. VII previa uma saudação múltipla ao chegar ao altar: o presidente saudava os coliturgos e os dois objetos em torno do qual girava a liturgia, o evangeliário e o altar.

Desse costume na liturgia atual resta apenas o beijo no altar. A cerimônia de beijar o altar deriva da cultura antiga. Na antiguidade era um costume saudar o templo beijando seu limiar, saudava-se a imagem da divindade com um beijo. Mesmo a mesa da família era saudada com um beijo quando esta se reunia para a refeição. Com o passar do tempo e a inclusão das relíquias dos mártires no altar o beijo também ganhou uma conotação de saudação ao mártir ou ao santo patrono.

Espiritualmente, contudo, podemos interpretar o beijo no altar como figura das núpcias da Igreja com Cristo. O altar de pedra lembra que Cristo é a pedra angular. O sacerdote representa a Igreja, esposa de Cristo que saúda seu divino esposo beijando-o.

O próprio beijo possui um simbolismo riquíssimo. São Bernardo de Claraval ensina que Cristo é o beijo do Pai na humanidade. Assim como os lábios daqueles que se amam se unem num gesto de amor, em Jesus Cristo Deus demonstra seu amor à humanidade unindo-se a ela, através da encarnação do Verbo, mistério que celebramos nesses dias de natal.

Ao participarmos da santa missa, façamos desse breve, mas simbólico e profundo momento uma fonte de riquezas espirituais para nós. Sintamo-nos amados por Deus ao vermos o padre beijar o altar, lembrando que em Cristo Deus nos beijou, uniu-se definitivamente a nós, e que esse beijo também seja nossa humilde retribuição à grande dádiva do amor de Deus por nós na Eucaristia que celebramos.

Curso de Liturgia

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Irmão Aureliano José da Costa Júnior, mps

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Parte V - Estola e Casula

Os últimos paramentos que o sacerdote coloca para celebrar o santo sacrifício da missa são a estola e a casula. A estola é uma espécie de faixa que o sacerdote coloca sobre os ombros. Ela é o sinal distintivo de um ministro ordenado, isso significa que somente quem recebeu o sacramento da Ordem pode usá-la. Deve ser da mesma cor da casula para o sacrifício da missa. Provavelmente teve origem com o manto que os judeus usam para a oração. O padre a beija antes de colocar, e pode rezar o seguinte: “Restitui-me, Senhor, a estola da imortalidade, que perdi na prevaricação do primeiro pai, e, ainda que não seja digno de me abeirar dos Vossos sagrados mistérios, fazei que mereça alcançar as alegrias eternas”. A estola simboliza a autoridade sacerdotal, a dignidade do primeiro homem perdida com o pecado original e restituída por Cristo, e como é usada em torno ao pescoço lembra o jugo dos deveres sacerdotais. O homem ordenado vive debaixo de Ordem, é um servo da Igreja, ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus.

A casula é a vestimenta característica do sacerdote que vai celebrar a missa. Ela cobre quase todos os outros paramentos e simboliza o suave jugo de Cristo que o sacerdote deve carregar, seguindo a cruz de Cristo e carregando a própria cruz. A cor da casula indica o tempo litúrgico que a Igreja está celebrando. Ela também expressa que o sacerdote está revestido de Cristo, revestido do amor divino, e carrega consigo todos os filhos de Deus, assim como os sacerdotes do Antigo Testamento portavam em suas vestes o nome das doze tribos de Israel. Antes de coloca-la o sacerdote pode rezar: Senhor, que dissestes: “O meu jugo é suave e o meu peso é leve, fazei que o suporte de maneira a alcançar a Vossa graça. Amém”.

Peçamos a Deus duas graças, a de recuperarmos e conservarmos a dignidade do homem antes do pecado, o que é possível pelo Batismo e pela Confissão, e de perseverarmos no seguimento de Cristo, carregando seu jugo suave que é o amor.

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Irmão Aureliano José da Costa Júnior, mps

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Parte VI - Sinal da Cruz

Assim que o sacerdote termina de incensar o altar ele se dirige à sede (a cadeira da qual ele preside a ação litúrgica), traça sobre si o sinal da cruz dizendo: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e o povo responde Amém.

O sinal da cruz é a oração mais simples e conhecida dos cristãos, e por isso mesmo de uma profundidade enorme. Com ela iniciamos nosso dia, nossas atividades e orações. O sinal da cruz contém em um gesto os dois principais mistérios do cristianismo: a Santíssima Trindade (Pai e Filho e Espírito Santo) e a redenção, expressa no gesto de traçar a cruz que foi o instrumento com o qual o Senhor nos redimiu. 

Por ser simples e conhecida corremos o risco de rezá-la mal e não dar a ela o devido valor. Traçar a cruz é recordar o nosso batismo, nossa identidade de filhos de Deus, é lembrar o preço pelo qual fomos salvos, o nosso valor, que é o sangue precioso de Jesus. Traçar o sinal da cruz é comprometer-se a ser discípulo do Crucificado, certos de que a Cruz é a árvore da vida e ao aceitarmos viver sob sua sombra poderemos colher seu mais precioso fruto que é a ressurreição. Não tenhamos medo da cruz! Vamos traçar sobre nós com piedade e devoção e invocar sempre sobre nós o nome do Senhor, certos de que quem o invoca será salvo.

Invocar a Trindade relembra-nos também nossa meta: cada Eucaristia nos aproximamos do banquete eterno, em que seremos, pela graça divina, admitidos naquele sagrado convívio, na comunhão profunda, plena e eterna de amor em que vivem as divinas pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Que grande graça! Somos chamados, a entrarmos na dinâmica da cruz, e ao passar pela cruz nesta vida, chegarmos a plena realização na eternidade, vendo a Deus face a face e tomando parte em sua comunhão plena de amor. Entremos confiantes na tenda do Senhor, habitemos o mistério de Deus. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. 

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Irmão Aureliano José da Costa Júnior, mps

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OUTROS CURSOS

Parte VII - Saudação inicial

Logo após o sinal da cruz, o presidente da celebração saúda a assembleia. Essa saudação é geralmente trinitária e provém da época apostólica, por exemplo: ‘a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam sempre convosco’. Dois preciosos ensinamentos podemos extrair dessa saudação.

O primeiro ensinamento é a tradição ininterrupta da Igreja. Até hoje utilizamos na missa saudações que os próprios apóstolos usavam: mais de dois mil anos de história! Devemos aprender a conhecer e amar a tradição de nossa Igreja.

O segundo ensinamento é sobre o dogma da Santíssima Trindade. O filósofo Kant escreveu que o dogma da Trindade era de certa forma inútil, já que nunca poderíamos esclarecer completamente esse mistério: um Deus e três pessoas. Ele estava equivocado. De fato, não podemos esgotar esse mistério, mas ele é a condição de nossa salvação. São Dâmaso escreveu que Deus é uno, mas não solitário. Deus é comunhão e posso ser convidado a participar dessa comunhão de amor. Se Deus fosse solitário não haveria possibilidade alguma do homem se achegar a Deus e viver com Ele. Mas como Ele é trino, é família, é partilha e doação eu posso me aproximar e entrar nessa comunhão de amor, viver a própria vida divina. Pensar na Trindade é admirar-se do mistério que envolve completamente nossa vida. 

A nível de curiosidade é interessante recordar um ensinamento dos pensadores medievais da Escola de Chartres. Eles ensinavam que nosso problema para compreender ‘matematicamente a trindade’ é que utilizamos a operação errada. Quando falamos da Trindade pensamos 1+1+1=3. Devemos pensar em 1x1x1=1, ou seja, três elementos e um único resultado, três pessoas e um único Deus. 

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